Por Vinicius Takacs

Enquanto Merkel e Sarkozy se reunem para tentar achar uma fórmula mágica ao recesso europeu, enquanto os Estados Unidos buscam uma solução para evitar mais uma crise econômica mundial, nós, brasileiros, passamos por uma realidade um tanto quanto diferente.
Ao longo de todos esses acontecimentos, nossa presidente Dilma está mais voltada a chamada faxina no congresso. Vemos ministros caindo, outros sendo convocados, escândalos após escândalos. Entendam, essa não é uma crítica ao governo petista em si, pois desde o início da nova república isso é algo recorrente no planalto.
O mais interessante, contudo, é um fato que vai mais além, mais profundamente. Analisando os discursos dos parlamentares, seus movimentos, em especial entre os envolvidos nos escândalos, percebe-se algo um tanto quanto estranho. Ao invés de se preocuparem em resolver os problemas, esclarecer os pontos errantes, vemos movimentos de tentativas para a manutenção de poder. A liderança do PR (um dos partidos mais envolvidos nos escândalos), por exemplo, passou a se determinar um partido independente, ou seja, não faz mais parte da parte governista e também não é parte da oposição.
Vejam como funcionam as coisas no planalto. Há erros, há escândalos, há corrupção, e aqueles que são os causadores de tudo isso, acabam por se posicionar como grande vítima da história toda, como se tivessem sidos injustiçados por perder cargos importantes no governo, por terem perdido poder.
Há países em que casos como esses levam algumas pessoas ligadas ao poder até mesmo ao suicídio, tamanha a vergonha que sentem por terem se envolvido em corrupção. Aqui não. Aqui os envolvidos começam a executar manobrar dentro do planalto para que a governabilidade se torne algo impraticável. Ou seja, mandam um aviso claro ao governante de que é melhor deixar a sujeira embaixo do tapete, para que consiga executar qualquer tipo de trabalho no congresso, pois caso esses partidos percam seu poder dentro do governo, também travarão seus processos dentro das casas legislativas.
Vejam o caso do PMDB por exemplo, partido de nosso vice-presidente. Nacionalmente, se diz a favor da base governista, aliado ao PT. Em São Paulo, contudo, é aliado declarado do PSDB, partido líder e detentor do governo do estado.
Pois é caros leitores, por isso entitulei essa postagem como “Modernos”. Pois essas são características de Estados modernos. A falta de confiança na totalidade de suas instituições, as preocupações sendo primariamente, se não totalmente, apenas em assuntos internos. Ficamos felizes em ver uma empresa automobilística chinesa anunciar que implementará fábricas no Brasil, ao invés de cobrarmos e trabalharmos para que empresas brasileiras alcancem esse porte.
Como citei ao início deste texto, Estados pós-modernos tem uma preocupação que exterioriza suas fronteiras, pois já aprenderam como trabalhar internamente.
O chamado primeiro mundo já chegou no Brasil, e cada vez aparece com mais força. Mas será que o Brasil chegará ao primeiro mundo também?
Faça-se o Caos!